No rádio do carro ouvi João Adelino Faria, 40 anos, no Rádio Clube Português, a passar a palavra ao jornalista que, num helicóptero, dá conta ao auditório de um acidente na A5, algures entre Cascais e Lisboa, e do acesso razoável ao garrafão da ponte 25 de Abril. Depois João Adelino Faria passa a palavra a outro jornalista, que conta as peripécias do trânsito portuense. Para trás na carreira de João Adelino Faria ficam os serões na SIC Notícias onde, com Ana Lourenço, apresentava a Edição da Noite.
Recapitulemos...
O
Pivot de uma estação televisiva de notícias, no horário do serão, deveria ser um profissional com uma carreira prestigiosa, reconhecida pelo público. Jornalista que talvez já tenha feito no passado programas da rádio, que já foi a Marvila entrevistar famílias cujos apartamentos ficaram destruídos com a explosão de um cano de gás. E deveria ter feito milhentas reportagens e entrevistas e, graças a todo esse trabalho, ter ganho uma excelente reputação e confiança do público. E poderia ter sido correspondente durante alguns anos no estrangeiro. Não estranharíamos depois encontrar esse prestigiado jornalista a entrevistar cientistas, economistas ou politólogos, assim como presidentes de empresas, políticos e governantes, no horário nobre da televisão. E faria essas entrevistas com profundidade. Confrontaria os seus convidados com os sucessos e insucessos empresariais, económicos ou políticos de hoje, mas também de há 10, 20 ou 30 anos. E traria à conversa experiências de outros países. E esse
pivot nunca regressaria à rádio.
Por tudo o que escrevi atrás, gosto muito do Mário Crespo. E só tenho pena que não existam mais "mários crespos" na nossa televisão.