Presidenciais de 2006 (II)
Não me apetece votar em Mário Soares. Custa-me aceitar que um dos pais da democracia portuguesa contemporânea, combatente pela liberdade, ex-Primeiro-Ministro, ex-Presidente da República por dois mandatos, olhe para uma sala de amigos e camaradas, privando com essa gente há décadas, e não encontre uma pessoa em quem reconheça prestígio, pensamento e valores de esquerda, discernimento e capacidade, para liderar a sociedade portuguesa.
Cavaco Silva é o pai do monstro, que veio a encontrar na governação socialista. Com uma política do Escudo caro, consubstanciada numa valorização real e mesmo nominal da nossa moeda ao longo de uma década, com a aniquilação do mundo rural, com a proliferação de um ensino sem rumo, com a substituição da despesa privada pela pública, conseguiu o investimento em infraestruturas e a adesão à União Económica e Monetária (ao lado da Espanha...), mas empolou os nossos estrangulamentos estruturais. O rigor, a competência e a honestidade do Prof. Cavaco Silva poucas pontes trouxeram para o futuro.
E não há mais candidatos?