sábado, junho 25, 2005

Serendipity

Mother, passion, smile, love, eternity, fantastic, destiny, freedom, liberty, tranquility.
Segundo um artigo de Dulce Neto (revista Pública, 1 de Maio de 2005), são estas as 10 palavras eleitas por 42 mil pessoas em 102 países onde o British Council ministra cursos de língua inglesa. Para os ingleses a palavra eleita, segundo a enciclopédia Encarta, é "serendipity". No dicionário da Penguin lemos "gift of finding valuable things in unexpected places by sheer luck" - a capacidade de descobrir coisas importantes por acaso. No inquérito do British Council essa palavra surgiu em 24º lugar.

quarta-feira, junho 22, 2005

As datas da ratificação do Tratado da Constituição Europeia (II)

Depois das votações desfavoráveis nos referendos francês e holandês, ficou decidido um compasso de espera no processo de ratificação do Tratado da Constituição Europeia. O referendo em Portugal, a realizar-se, não deverá ser antes de Junho de 2006. O Luxemburgo, no entanto, vai realizar o referendo a 10 de Julho, conforme o calendário definido nesse país.

Parece-me que seria vantajoso manter o processo referendário. A realização dos referendos permitiria à opinião pública europeia conhecer melhor as inovações previstas no Tratado. Também permitiria conhecer os factores que afastam o eleitorado das alterações previstas no Tratado, dando assim uma luz para as eventuais correcções necessárias da constituição.

Realizados todos os referendos, deveria ser possível encontrar uma versão robusta, que fosse aprovada por todos os eleitorados nacionais.

Suponhamos que é feita uma revisão "cega" do Tratado. E se novamente ela é vetada por um ou outro país? Recomeça-se o processo?

segunda-feira, junho 20, 2005

Leite de amêndoas

Como se prepara o magnífico leite de amêndoas da Pastelaria Majestic de Rabat? Talvez seja assim. Com a ajuda de um pouco de água fervente começa-se por pelar uma mão cheia de amêndoas, que são depois reduzidas a farinha com um moinho próprio. Botam-se 3 decilitros de leite frio num copo misturador e prepara-se um batido. Adicionam-se 4 colheres de sopa, rasas, de amêndoas moídas, adoça-se a gosto, e volta-se a ligar o copo misturador. Verte-se para um copo alto e deliciamo-nos com a bebida.

O riso une

Na Medina de Fez, algures naquele emaranhado de ruas, de vidas e de negócios, junto a uma bela porta, trabalhada e bem conservada, encontro um polícia. Pergunto-lhe se a porta é a entrada para uma mesquita. Ele desata a rir-se e responde que é a entrada para uma casa de banho. Peço desculpa e participo daquele riso franco.

domingo, junho 05, 2005

Paul Auster - A noite do oráculo

John e eu discutimos esta história [a de um escritor francês, promissor, que publicara dois romances, uma colectânea de contos e um livro com um único poema sobre o afogamento de uma criança e cuja filha, de cinco anos, veio a morrer mais tarde por afogamento. Como esse escritor se persuadiu que o afogamento imaginário tinha causado o afogamento real, decidiu nunca mais escrever] com algum detalhe e lembro-me de que foi com bastante firmeza que considerei a decisão do escritor um erro, uma leitura ilegítima do mundo. Não havia nenhuma conexão entre imaginação e realidade, disse eu, nenhum mecanismo de causa e efeito entre as palavras de um poema e os acontecimentos das nossas vidas. O escritor pode ter visto as coisas assim, mas a verdade é que aquilo que lhe aconteceu não foi mais do que uma horrível coincidência, uma manifestação da mais cruel e perversa adversidade. Isso não significava que eu o censurasse pelos seus sentimentos, mas, apesar de toda a compaixão que sentia por um homem que sofrera uma perda tão horrenda, o certo é que eu via o seu silêncio com uma recusa em aceitar o poder das forças aleatórias e puramente acidentais que moldam os nossos destinos, e disse a [John] Trause que, do meu ponto de vista, a punição que o escritor infligira a si mesmo não fazia sentido. (p.184)

Paul Auster, A noite do Oráculo, edições ASA, 2004. Será a palavra, falada ou escrita, premonitória, instigadora dos acontecimentos posteriores?

quarta-feira, junho 01, 2005

Santiago Gamboa - Perder é uma questão de método

Preocupava-o a história do empalhado. Era horrível que essas coisas acontecessem tão perto das pessoas civilizadas. Por isso acariciava ansioso a ideia de ir viver para Londres. Sonhava com as camisas do Harrods e com o mercadinho de Camden Town. Ou Paris: as lojas da rua de Saint-Honoré, as boutiques dos Campos Elísios e as mil e uma lojas do bairro da Opéra. Isso sim, era vida, não esta coisa insípida e desabrida que tinha de viver todos os dias em Bogotá, com essas maleitas e sujidades tão desagradáveis de ver por todos os lados. (p.35)

Santiago Gamboa, Perder é uma questão de método, Asa, 1999
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