terça-feira, fevereiro 28, 2006
segunda-feira, fevereiro 27, 2006
China: o desafio demográfico
Sou muito pessimista em relação à China. Não investiria dinheiro nesse país. É, a nível demográfico, o maior desafio do mundo. (...) Isso é uma coisa que muitas pessoas não sabem sobre a China: por causa da política de filho único, o declínio da natalidade foi abrupto e sem precedentes. E o crescimento dos velhos na população vai ser equivalente. Daqui a dez anos a população em idade de trabalhar já estará a diminuir. Agora estão numa boa situação demográfica, mas a tendência vai mudar muito em breve. (...) Se olharmos apenas para a demografia e tentarmos perceber que países se vão sair melhor no século XXI, eu diria que a Índia e os EUA, se as tendências actuais continuarem. A Índia está a envelhecer, mas graciosamente, num processo gradual.
Phillip Longman, perito em demografia em entrevista a Alexandra Prado Coelho, "Os religiosos têm mais filhos e o futuro pertence-lhes", revista Pública do jornal Público, 26 de Fevereiro de 2006.
Phillip Longman, perito em demografia em entrevista a Alexandra Prado Coelho, "Os religiosos têm mais filhos e o futuro pertence-lhes", revista Pública do jornal Público, 26 de Fevereiro de 2006.
sábado, fevereiro 25, 2006
Concorrência nos produtos e nos serviços ou concorrência na propriedade?
O lançamento da OPA da Sonae sobre a PT é um exercício de concorrência na propriedade, sem dúvida importante para os accionistas das duas empresas. Mas para milhões de consumidores e produtores o mais importante é a concorrência no mercado das telecomunicações, que garanta bons serviços a preços mais comedidos. A fusão da Optimus com a TMN é um mau augúrio dado pelo oferente da OPA.
O jornal Público listava a 15 de Fevereiro os quatro problemas estruturais que Abel Mateus, presidente da Autoridade da Concorrência, reconhece nas telecomunicações portuguesas:
1 - Concentração das redes de cobre e cabo num único operador, a PT, o que diz ser caso único na Europa;
2 - Barreiras no acesso às infra-estruturas de rede. Baixo número de lacetes desagregados;
3 - Dificuldade em encontrar operadores para distribuir conteúdos para triple play (voz, imagem e dados);
4 - Rendimentos conseguidos através do monopólio não são utilizados adequadamente em benefício dos clientes, mas sim noutros serviços e noutros países.
O que verdadeiramente interessa actualmente é o aumento da concorrência neste mercado. Se o Estado não o impuser agora, quando o fará? Quando perder a "golden share" sobre a Empresa? A Administração da PT enfrenta portanto o desafio de convencer os accionistas a continuarem a confiar na sua gestão, ao mesmo tempo que dá uma resposta plena às recomendações da Autoridade da Concorrência para o sector. O impacto dos projectos da Sonae e da PT na concorrência do sector das telecomunicações deveria ser o factor mais importante a ter em conta pelo accionista Estado.
Adenda
Depois da desautorização da Autoridade da Concorrência no caso das pretensões da Brisa sobre as Auto-Estradas do Atlântico, a AdC deve estar mais cautelosa... e acaba por dar luz verde à OPA da Sonae sobre a PT, mesmo com a fusão da TMN com a Optimus. O Público de 5 de Outubro de 2006 dá conta da reacção na imprensa económica internacional:
«Financial times critica autoridade da concorrência
"A galeria das decisões regulatórias mais escandalosas tem um novo membro". Principia assim um artigo publicado na edição de ontem do Financial Times (FT) sobre a decisão da Autoridade da Concorrência (AdC) em relação à oferta pública de aquisição (OPA) da Sonaecom sobre a PT. Em causa está o facto de a AdC ter dado "luz verde a uma entidade que irá controlar mais de 60 por cento dos mercados de telecomunicações móveis e de banda larga", situação que o jornal critica. No texto considera-se que a obrigatoriedade da Sonaecom - caso a OPA seja sucedida - facilitar a entrada de um novo operador móvel é "perversa". O FT refere que "as concessões exigidas - operadores móveis virtuais e alienação dos conteúdos de cabo da PT - já faziam parte da proposta". "Os accionistas devem estar satisfeitos com a criação de um monopolista inadequadamente regulado, numa indústria de capital intensivo e com grandes barreiras à entrada", diz a ainda o artigo. Também o Wall Street Journal tinha apelidado, na edição de terça-feira, a fusão entre a TMN e a Optimus como "escandalosa", salientando que a quota de mercado iria ser "uma das maiores na Europa Ocidental".»
O jornal Público listava a 15 de Fevereiro os quatro problemas estruturais que Abel Mateus, presidente da Autoridade da Concorrência, reconhece nas telecomunicações portuguesas:

1 - Concentração das redes de cobre e cabo num único operador, a PT, o que diz ser caso único na Europa;
2 - Barreiras no acesso às infra-estruturas de rede. Baixo número de lacetes desagregados;
3 - Dificuldade em encontrar operadores para distribuir conteúdos para triple play (voz, imagem e dados);
4 - Rendimentos conseguidos através do monopólio não são utilizados adequadamente em benefício dos clientes, mas sim noutros serviços e noutros países.
O que verdadeiramente interessa actualmente é o aumento da concorrência neste mercado. Se o Estado não o impuser agora, quando o fará? Quando perder a "golden share" sobre a Empresa? A Administração da PT enfrenta portanto o desafio de convencer os accionistas a continuarem a confiar na sua gestão, ao mesmo tempo que dá uma resposta plena às recomendações da Autoridade da Concorrência para o sector. O impacto dos projectos da Sonae e da PT na concorrência do sector das telecomunicações deveria ser o factor mais importante a ter em conta pelo accionista Estado.
Adenda
Depois da desautorização da Autoridade da Concorrência no caso das pretensões da Brisa sobre as Auto-Estradas do Atlântico, a AdC deve estar mais cautelosa... e acaba por dar luz verde à OPA da Sonae sobre a PT, mesmo com a fusão da TMN com a Optimus. O Público de 5 de Outubro de 2006 dá conta da reacção na imprensa económica internacional:
«Financial times critica autoridade da concorrência
"A galeria das decisões regulatórias mais escandalosas tem um novo membro". Principia assim um artigo publicado na edição de ontem do Financial Times (FT) sobre a decisão da Autoridade da Concorrência (AdC) em relação à oferta pública de aquisição (OPA) da Sonaecom sobre a PT. Em causa está o facto de a AdC ter dado "luz verde a uma entidade que irá controlar mais de 60 por cento dos mercados de telecomunicações móveis e de banda larga", situação que o jornal critica. No texto considera-se que a obrigatoriedade da Sonaecom - caso a OPA seja sucedida - facilitar a entrada de um novo operador móvel é "perversa". O FT refere que "as concessões exigidas - operadores móveis virtuais e alienação dos conteúdos de cabo da PT - já faziam parte da proposta". "Os accionistas devem estar satisfeitos com a criação de um monopolista inadequadamente regulado, numa indústria de capital intensivo e com grandes barreiras à entrada", diz a ainda o artigo. Também o Wall Street Journal tinha apelidado, na edição de terça-feira, a fusão entre a TMN e a Optimus como "escandalosa", salientando que a quota de mercado iria ser "uma das maiores na Europa Ocidental".»
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
Parvos, antipatriotas e panafóbicos
Educados na estupidez pela leitura das obras infantis do sr. Lopes Vieira, levados ao antipatriotismo pelo inevitável desdém que um livro como o "Bartholomeu marinheiro" leva a ter pelo navegador que ali aparece vestido de bebé de Carnaval, cheios de fobias por lhes terem sido metaforizadas na infância cousas como que um quarto escuro é lògicamente terrível, os homens de Portugal de amanhã (adoptados escolarmente, como tudo o que dizemos neste artigo leva a crer que sejam os livros do sr. Lopes Vieira) terão por Shakespeare o sr. Júlio Dantas, por Shelley o sr. Lopes Vieira... e serão espanhóis.
Porque em que diabo pode vir a dar uma nação de parvos, de antipatriotas e de panafóbicos senão em deixar de ser nação?
Fernando Pessoa, "Naufrágio de Bartolomeu", Páginas de Doutrina Estética, com selecção, prefácio e notas de Jorge de Sena, Editorial Inquérito, Lisboa, 2ª edição, sd (1946?), pp. 31,32.
Porque em que diabo pode vir a dar uma nação de parvos, de antipatriotas e de panafóbicos senão em deixar de ser nação?
Fernando Pessoa, "Naufrágio de Bartolomeu", Páginas de Doutrina Estética, com selecção, prefácio e notas de Jorge de Sena, Editorial Inquérito, Lisboa, 2ª edição, sd (1946?), pp. 31,32.
terça-feira, fevereiro 21, 2006
Paris, os passeios de um Flâneur
Durante os meus anos em Paris, ou seja, de 1983 a 1998, fui compondo o meu álbum pessoal de imagens mentais em torno do tema racial. Lembro-me de uma vez em que estava com um amigo negro muito classe alta, um designer de roupa americana. Ao sairmos de uma estação de metro, uma brigada da polícia mandou parar esse amigo. De quando em quando, a polícia resolve conferir os vistos ou os passaportes de pessoas supostamente escolhidas ao acaso. Em situações destas, odeio adoptar uma atitude cínica, mas queria poupar o meu amigo a eventuais incómodos (além do mais ele não entendia uma palavra de francês), de maneira que virei-me para os agentes e, com o ar mais seguro deste mundo, disse-lhes: "Não se incomodem, messieurs, ele está comigo." E isso chegou - deixaram-nos passar sem mais complicações (por pouco não nos faziam a continência).
Edmund White, Paris, os Passeios de um Flâneur, ASA, 2004.
Edmund White, Paris, os Passeios de um Flâneur, ASA, 2004.
sexta-feira, fevereiro 17, 2006
A gripe espanhola e o... H5N1

(Fonte: RTD info, Magazine on European Research, Dezembro de 2005, disponível em http://europa.eu.int/comm/research/rtdinfo/pdf/rtd47_en.pdf.)
terça-feira, fevereiro 14, 2006
A OPA da Sonae sobre a PT...
...prevê um investimento de 11 mil milhões de Euros, sem qualquer criação de emprego - antes almeja reduzir postos de trabalho, para garantir a rendibilidade do empreendimento.
domingo, fevereiro 05, 2006
Arroz doce cremoso (I)
