quarta-feira, setembro 28, 2005
domingo, setembro 25, 2005
O crime
Eram três árvores.
Estavam ali
a ver passar os séculos.
Derrubaram-nas
para alargar a estrada.
Se calhar até dizem
que quem mandou a ordem
é um excelente chefe de família.
Mário Castrim - Poemas do Avante
Estavam ali
a ver passar os séculos.
Derrubaram-nas
para alargar a estrada.
Se calhar até dizem
que quem mandou a ordem
é um excelente chefe de família.
Mário Castrim - Poemas do Avante
sábado, setembro 24, 2005
Eclipse
- Minha senhora, sabe dizer-me quando vai ser o próximo eclipse do sol?
- Não sei, não sou daqui.
- Não sei, não sou daqui.
quinta-feira, setembro 22, 2005
O défice orçamental, a dívida pública e o PEC
Em 2004 a dívida directa do Estado foi de 90,800 mil milhões de Euros e a consolidada (que inclui os serviços e fundos autónomos, a administração regional e local e a segurança social) foi de 83,577 mil milhões de Euros. Este ano, segundo as declarações de Franquelim Alves, Presidente do Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP), a dívida directa deverá cifrar-se em 102 mil milhões de Euros, e, se se mantivesse a relação entre a dívida consolidada e a directa, o ratio da dívida pública no PIB seria de 65%. No Programa de Estabilidade e Crescimento submetido a Bruxelas, está prevista uma percentagem de dívida relativamente ao PIB de 67%, sendo que o último report já aponta para os 68%. A dívida pública era de 52% do PIB em 1999.
Os valores da dívida pública portuguesa excedem os 60% previstos no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC). Os défices orçamentais dos últimos anos alimentam este desvio.
E agora a questão recorrente: serão os valores-tecto do PEC (défice orçamental máximo de 3% do PIB e dívida pública de 60% do PIB) razoáveis?
Acho que há dois planos de discussão.
O primeiro é o de saber se o par é tecnicamente correcto. Tendo em conta os níveis actuais da dívida, o crescimento económico e as taxas de juro, os 3% "casam" bem com os 60%? A resposta parece ser negativa, era preciso um tecto para o défice inferior aos 3%, para ir respeitando o tecto de 60% ao longo do tempo.
Porquê o tecto dos 60%? Poderia ser 75%? Acho que sim, que poderia ser (mas posso estar enganado!). Mas o tecto dos 60% tem pelo menos uma vantagem prática - se o tecto fosse de 75%, teríamos a tentação de adiar o rigor financeiro para algures no futuro, porque ainda não tínhamos chegado ao limite de endividamento. Os 60% tiveram o mérito de ter obrigado os países participantes na UEM a um rigor financeiro imediato.
Os valores da dívida pública portuguesa excedem os 60% previstos no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC). Os défices orçamentais dos últimos anos alimentam este desvio.
E agora a questão recorrente: serão os valores-tecto do PEC (défice orçamental máximo de 3% do PIB e dívida pública de 60% do PIB) razoáveis?
Acho que há dois planos de discussão.
O primeiro é o de saber se o par é tecnicamente correcto. Tendo em conta os níveis actuais da dívida, o crescimento económico e as taxas de juro, os 3% "casam" bem com os 60%? A resposta parece ser negativa, era preciso um tecto para o défice inferior aos 3%, para ir respeitando o tecto de 60% ao longo do tempo.
Porquê o tecto dos 60%? Poderia ser 75%? Acho que sim, que poderia ser (mas posso estar enganado!). Mas o tecto dos 60% tem pelo menos uma vantagem prática - se o tecto fosse de 75%, teríamos a tentação de adiar o rigor financeiro para algures no futuro, porque ainda não tínhamos chegado ao limite de endividamento. Os 60% tiveram o mérito de ter obrigado os países participantes na UEM a um rigor financeiro imediato.
terça-feira, setembro 20, 2005
O paradoxo dos dois envelopes
Depois do problema de Monty Hall aqui fica um novo paradoxo.
Uma pessoa é confrontada com dois envelopes. Um deles contém X euros e o outro contém 2X euros. Os dois envelopes são indistinguíveis.
A pessoa escolhe um envelope, que é aberto. Ela tem interesse em rejeitar esse envelope, ficando com o outro cujo conteúdo desconhece?
Uma pessoa é confrontada com dois envelopes. Um deles contém X euros e o outro contém 2X euros. Os dois envelopes são indistinguíveis.
A pessoa escolhe um envelope, que é aberto. Ela tem interesse em rejeitar esse envelope, ficando com o outro cujo conteúdo desconhece?
segunda-feira, setembro 19, 2005
O MedCoastLand
"Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico" de Orlando Ribeiro não participa no MedCoastLand, que regrupa 13 países da Europa, do Norte de África e do Próximo Oriente (Algéria, Marrocos, Tunísia, Libano, Egipto, Síria, Malta, Turquia, Jordânia, Autoridade Palestina, Espanha, França, Itália). Estes países enfrentam a falta de água, a desertificação, o empobrecimento dos solos. O MedCoastLand pretende interligar os decisores, os agricultores e os cientistas, através da partilha das experiências de desenvolvimento sustentado dessa região.
quinta-feira, setembro 15, 2005
Horas angulosas (II)
Depois das peripécias do problema anterior, aqui fica um novo, para descontrair.
Entre as 14h00 e as 15h00, qual é o momento em que o ponteiro dos minutos e o das horas surgem sobrepostos?
Entre as 14h00 e as 15h00, qual é o momento em que o ponteiro dos minutos e o das horas surgem sobrepostos?
quarta-feira, setembro 14, 2005
Estratégia ganhadora?
Em homenagem a Carlos, sugiro o problema "bold play vs cautious play", recolhido na obra de Frederick Mosteller, Fifty Challenging Problems in Probability with Solutions.
Em Las Vegas um homem com $20 precisa de $40, mas está demasiado envergonhado para enviar um SMS à sua mulher a pedir dinheiro. Decide investir na roleta (que ele não aprecia), e hesita entre duas estratégias: apostar os $20 nos "pares" numa só vez, abandonando imediatamente o jogo quer ganhe ou perca, ou apostar nos "pares" um dólar de cada vez, até que ganhe ou perca $20. Qual é a melhor estratégia?
(Observação: uma aposta nos números pares tem a probabilidade de 18/38 de ter sucesso; se tiver sucesso, a quantia apostada é dobrada; se tiver insucesso, a aposta é perdida.)
Em Las Vegas um homem com $20 precisa de $40, mas está demasiado envergonhado para enviar um SMS à sua mulher a pedir dinheiro. Decide investir na roleta (que ele não aprecia), e hesita entre duas estratégias: apostar os $20 nos "pares" numa só vez, abandonando imediatamente o jogo quer ganhe ou perca, ou apostar nos "pares" um dólar de cada vez, até que ganhe ou perca $20. Qual é a melhor estratégia?
(Observação: uma aposta nos números pares tem a probabilidade de 18/38 de ter sucesso; se tiver sucesso, a quantia apostada é dobrada; se tiver insucesso, a aposta é perdida.)
terça-feira, setembro 13, 2005
Horas angulosas
Quando um relógio (analógico!) marca 14h25, qual é o ângulo agudo formado entre o ponteiro das horas e o dos minutos?
terça-feira, setembro 06, 2005
Euro 2004 e responsabilidades
O Prof. Vítor Martins ontem no Prós & Contras defendeu mais uma vez o Euro 2004: o Orçamento de Estado teve um encargo de 40 milhões de Euros, que foram recuperados através das receitas fiscais proporcionadas pelo evento. Os restantes custos foram suportados pelas câmaras e por privados. E se algumas câmaras agora enfrentam problemas de endividamento, isso servirá de pedagogia.
Esta análise parece-me confrangedora. O Governo deve procurar que seja prosseguida uma boa governação. Quer ao nível central, quer ao nível local. E portanto deve procurar que os seus investimentos tenham uma boa rendibilidade – e não que os custos sejam chutados para terceiros. E estádios que tenham escassa utilização ao longo da sua vida útil, como poderão ser considerados bons investimentos?
Esta análise parece-me confrangedora. O Governo deve procurar que seja prosseguida uma boa governação. Quer ao nível central, quer ao nível local. E portanto deve procurar que os seus investimentos tenham uma boa rendibilidade – e não que os custos sejam chutados para terceiros. E estádios que tenham escassa utilização ao longo da sua vida útil, como poderão ser considerados bons investimentos?